terça-feira, 6 de outubro de 2009

||| um dia de salário para a Nação.

Li há pouco, no Expresso deste fim-de-semana, num «texto de opinião» assinado por Feliciano David, que há 35 anos, no domingo 6 de Outubro de 1974, dezenas de milhar de trabalhadores decidiram trabalhar e oferecer o seu dia de salário aos trabalhares desempregados ou com salários em atraso.

Tinha uma muito vaga ideia acerca deste gesto de solidariedade que, tanto quanto me parece, não voltou a repetir-se; mesmo nos idos anos 80, em que o país mergulhou numa crise profunda, a ponto de ser intervencionado pelo FMI, houve lugar a tamanha façanha.

Hoje, apesar das dezenas de dias que trabalhamos para o estado, acredito que o tempo que vivemos também deve «obrigar-nos» a ser solidários com todos aqueles que enfrentam semelhante pesadelo: o desemprego. Deve preocupar-mos sobretudo o desemprego de longa duração, que a fazer fé nas últimas estimativas, vai continuar a aumentar durante o próximo ano.

Perante este cenário , e recuperando o que aqui escrevi, talvez os que mantém o emprego devam ser chamados - até que se justifique - a aumentar as suas contribuições para a Segurança Social e, dessa forma, evitar o colapso social de muitas famílias.
Porque, mais do que as questões «politiqueiras» que têm consumido os media, importa tratar do que realmente importa: as pessoas.

10 comentários:

Anónimo disse...

Pois é, Paulo, o problema é que o português está sempre virado para o seu umbigo. E por isso é difícil fazer alguma coisa deste país, porque isso obrigaria a um desígnio colectivo, com esforço e sacrifício de todos.

Paulo Lobato disse...

Rui,
... e depois lamentamos a nossa vida.
E quanto às gerações mais novas, estarão mais abertas ao bem colectivo ou será genético?

um abraço

Paulo Lobato disse...

Eduardo,
As minhas desculpas, sem querer cliquei no botão errado e recusei o seu comentário.
Se o entender, e até porque se tratava de um comentário relevante, convidava-o a deixar a ideia base.

um abraço
Paulo Lobato

Eduardo Miguel Pereira disse...

Em 74 vivia-se uma enorme expectativa em relação ao futuro e as pessoas acreditavam que os políticos estavam fortemente empenhados em fazer evoluir o País. Hoje, com o esbajamento dos dinheiros públicos com que os nossos políticos nos presenteiam, é mais que natural que as pessoas vão perdendo esses valores de solidariedade. Inevitavelmente as pessoas acham (e a meu ver bem), que se os governos gerissem correctamente os dinheiros públicos, jamais seria ncessário voltar a abdicarem do seu dinheiro a favor dos desempregados.

Paulo Lobato disse...

Muito obrigado, Eduardo.
Embora subscreva por inteiro a opinião que aqui manifesta, também acredito que o problema é/será tão grave que o governo sem aumento de impostos não irá dar o apoio necessário aos desempregados. Eu sei que os impostos já são elevados, mas - quanto a mim - vale mais travar o problema com dez do que remediá-lo com vinte; se não agirmos rapidamente o problema será mais grave e será mais difícil resolvê-lo.
Mas não deixo de concordar que se - ao longo dos anos - o dinheiro fosse bem gasto este seria mais do que suficiente para o efeito.

Paulo Lobato disse...

Manuela,
Lamento, mas agora foi o seu comentário que se foi, afinal há um problema qualquer com a aprovação de comentários. Se não for abusar, e porque as mulheres têm de ter uma voz mais activa no nosso mundo, agradecia-lhe o comentário.

um abraço
Paulo

Manuela Araújo disse...

Paulo
Acho que eu tinha dito que concordo com o Eduardo, pois tem havido muito dinheiro mal gasto neste país, há décadas, por falta de estratégia, de rigor, de controlo e fiscalização, e sobretudo por falta de uma Justiça eficaz. Se esse dinheiro tivesse sido canalizado para ajudar quem precisa, talvez não houvesse tanta gente dependente da solidariedade.
Mas mesmo assim, será sempre precisa a nossa solidariedade, e só é pena que os mais solidários sejam muitas vezes os que menos têm.
É a minha teoria antiga: em muitos casos, os ricos são ricos porque não partilham.

Paulo Lobato disse...

Manuela,
... e já levamos 5 séculos de Santa Casa de Misericórdia de Lisboa.

um abraço

Anónimo disse...

Realmente PAULO não consigo perceber, como num País com tantos prémios, a Santa Casa não resolve o assunto. A mana Manuela tem razão... eu digo isto porque adoro dar e tenho muito pouco... mas dou o que posso a quem precisa, ás vezes até nem precisa mas deseja, desapego... Ao ponto de uma grande amiga minha, me dizer muito sériamente, que eu não existia!
Perante a minha perplexidade, respondeu, que todos os que me conheciam por isso, pensarem que era uma característica falsa!... ou seja, fazia o que fazia em troca de algo. Como psicóloga, interpretava os que de mim falavam, assim, dessa forma!
Afastei-me de tudo e de todos, pois se pensam assim, é porque são assim.
Dedico-me a dar apenas aos mais necessitados do que eu.
-Essa forma de pensar não encaixa na minha mente - expliquei a essa amiga e tornei-me num bicho do buraco! Quando dou é por prazer e nunca esperaria retorno. É de mim ou os valores estão invertidos?! E logo eu que pouco tenho... dava o que podia, nem que fosse em mão de obra! Temo que seja hereditário e generalizado!

Paulo Lobato disse...

Bem-vinda Fada do Bosque, muito obrigado pelo comentário.
Concordo que não há razões para tanta desigualdade. Paradoxalmente, há mesmo muita gente que embora esteja empregada precisa de ajuda para sobreviver; e não estou a falar de pessoas que vivem acima das suas possibilidades.
Devemos ser muito mais exigentes com o país em que vivemos. Porque esta coisa do "per capita", das médias, e sei lá que mais, é apenas estatística. Há mesmo quem diga que: alguém que tenha os pés no forno e a cabeça no congelador vive - em termos de temperatura média -confortavelmente .
(estou-me a afastar).
Tem razão, até para ajudar é preciso coragem mas, pelo que vou lendo, acredito que a Fada tem essa coragem para o fazer e não desiste de lutar. E com a realidade que aí está (e estava) o que não nos falta são oportunidades para ajudar; mas como diz é muito gratificante.

um abraço

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